viernes, 5 de junio de 2015

Homens e mulheres a la vora del mar

Estou a participar num projeto de dança comunitária intitulado 'Homens e mulheres a la vora del mar'.

Estamos a criar uma representação baseada nas leituras de duas escritoras e a sua relação com o mar, a portuguesa Sophia de Mello Breyner e a maiorquina Carme Riera.

O Atlântico e o Mediterrâneo ligam-se ao ritmo da música que acompanha o movimento, e que é criada para o projeto. Assim, utilizamos a improvisaç
ão, os jogos de contrapeso e trabalhamos a ocupação dos espaços sob a direção caótica da Ana.

Todos os participantes são pessoas não profissionais, uns 30 espanhóis, portugueses, franceses e brasileiros. Às vezes dançamos, por vezes atuamos, e às vezes não sabemos que é o que estamos a fazer.

Aqui deixo alguns dos textos que estamos a trabalhar. Si tiveres curiosidade, podes vir vê-lo a 13 de junho às 19h.



Nada trazem consigo. As imagens
Que encontram, vão-se deles despedindo.
Nada trazem consigo, pois partiram
Sós e nus, desde sempre e os seus caminhos
Levam só ao espaço como o vento.
Embalados no próprio movimento
Como se andar calasse algum tormento
O seu olhar fixou-se para sempre
Na aparição sem fim dos horizontes
Como o animal que sente ao longe as fontes
Tudo neles se cala p´ra auscultar
O coração crescente da distância
E longínqua lhes é a própria ânsia
É-lhes longínquo o sol quando os consome
É-lhe longínqua a noite e a sua fome,
É-lhes longínquo o próprio corpo e o traço
Que deixam pela areia, passo a passo.

Sophia de Mello Breyner
Enyor la mar, enyor la immensitat blavosa, la petita immensitat blavosa que semblava entrar-se’n a la cabina per l’ull de bou aquell migdia de primavera, camí de l’illa.
...
He sentit dels teus llavis les paraules més belles i m'he mirat en la blavor perfecta dels teus ulls. Avui, a la fi, he comprès: eres tu que esperaves que jo baixés dins a llançar-me als teus braços per perdre'm per sempre més dins la teva immensitat il·limitada, mar, amor meu.
...
A la platja solitària, ran d'ones , només ella i jo, entre els meus-seus braços. Fins i tot la mort era absent, tenia massa feina aquella tarda.

Carme Riera




1 comentario: